24
Set 08
24
Set 08

MAS P'RA VIDA HÁ SÓ UMA

lá longe, muito longe
onde o tempo não congela
criou em tempos, um monge
a criatura mais bela

sorte a sua o monge audaz
que ao ouvir o seu chorar
sem hesitar foi capaz
de ir a tempo de a salvar

de criança a mulher
do choro ao sorriso doce
comeu o tempo á colher
não perdeu gota que fosse

deslumbrou reis e plebeus
foi-se dando de mansinho
por não acreditar mais em Deus
que nas pedras do caminho

fez de um plano de vingança
um sonho envenenado
afastou-se da esperança
de um futuro desenhado

com a espada da sedução
e o escudo da maldade
afogou a sensação
de viver em liberdade

casou com um rei mentiroso
que reinava em Lisboa
seduziu-a,o ardiloso
n'um tasco da Madragoa

trouxe sonhos e vontade
contou historias de encantar
escondeu-lhe a velha verdade
que não sabia contar

mas a mulher na cegueira
de beleza atrofiante
não viu que a choradeira
era um espinho no instante

deu por si em pensão reles
perdida na barafunda
no guarda-roupa,as peles
e camisas de segunda

deixou-se ir na ilusão
de ser rainha da rua
entregou-se á sensação
que mantinha a alma crua

e assim passou o tempo
mais manso que um cordeiro
injectou-lhe o desalento
p'ra seu fiel companheiro

desce a princesa a calçada
com o fardo dessas mágoas
que a terra não sabe a nada
envolvida em quatro tábuas

e o tal rei..,coitado!
há já muito pereceu
é só um corpo deitado
á procura de um céu

não é bela a sua história
como o rico merecia
mas é real a memória
que traçou a sua via

não fosse o querer desmesurado
com que o coração nos engana
talvez tivesse acordado
no conforto de outra cama

por isso te digo mulher
tu que queres a liberdade
que a crueldade é um escolher
e não a triste verdade

não sejas um muro hirto
que transcende a emancipação
e resolve o conflito
que trazes no coração

e no fim..,quando acordares
verás no meio da bruma
que mulheres há aos milhares
MAS P'RA VIDA HÁ SÓ UMA!

 

Autor: C!RANO (...um cozinheiro de emoções)

 

 

 

 

Voz do vento ...

publicado por Voz do vento às 22:24 | comentar | favorito
14
Set 08
14
Set 08

Fica proibido ...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fica proibido chorares sem aprender,

Levantares um dia sem saber o que fazer,

Ter medo das tuas lembranças.


Fica proibido não sorrires para os problemas,

não lutar pelo que queres,

abandonar tudo por medo,

não transformares os teus sonhos em realidade.


Fica proibido não demonstrares o teu amor,

fazer com que alguém arque com as tuas dívidas e o teu mau humor.


Fica proibido deixares os teus amigos,

não tentar compreender o que viveram juntos,

telefonar-lhes só quando precises deles.


Fica proibido não seres tu mesmo diante das pessoas,

fingir diante daqueles que não te importares,

fazer-te de interessante para que se lembrem de ti,

esquecer todos que te querem bem.


Fica proibido não fazeres as coisas por ti mesmo,

não acreditar em Deus e fazer o teu destino,

ter medo da vida e dos seus compromissos,

não viver cada dia como se fosses o último.


Fica proibido sentires falta de alguém sem alegraste,

esquecer os seus olhos, o seu riso,

tudo porque os seus caminhos deixaram de se cruzar,

esquecer o teu passado e satisfazer-te com o teu presente.


Fica proibido de não tentar compreender as pessoas,

pensar que as suas vidas valem mais que a tua,

não saberes que cada um tem o seu caminho e a tua sorte.


Fica proibido não criares a tua história,

deixar de agradecer a Deus pela tua vida,

não ter um momento para as pessoas que precisam de ti,

não compreender que o que a vida te dá,

também te tira:


Fica proibido não procurares a tua felicidade,

não viver a tua vida com uma atitude positiva,

não pensar que podemos ser melhores;

não sentir que sem ti este mundo não seria igual.


                                                       in Paulo Neruda

 

 

 

Voz do vento ...

 

publicado por Voz do vento às 21:41 | comentar | favorito
02
Set 08
02
Set 08

Fala-me de amor...

 

Numa brisa de manhã de Agosto, pára no tempo e revê o tempo de outrora que não volta. Não quer que volte mais. Sonho de uma mulher - criança que idealizou sonhos, amor incondicional, um companheiro para a vida inteira. Sonhos atraiçoados, tristeza amarga, promessas quebradas. E o porquê que paira. A mente que tagarela o pensamento, incriminando-a por algo que não correu bem. Supõe  que é a culpada. Cria em si, a culpa pelo facto de não ter corrido bem os sonhos tal como idealizou. E nesse precioso momento, deverá parar com tais pensamentos que perturbam e que a leva à loucura.

 

A frustração e a insegurança tomam os seus lugares como reis do tempo. O medo da solidão chega, logo a seguir fica petrificada no tempo que pára à sua passagem. Adormece na dor, na mágoa, sente-se que nada valeu e apenas é uma pessoa ingrata porque não aproveitou a oportunidade de ter um companheiro ao seu lado. Companheiro que dedicou todo o seu tempo, os sonhos que adiou, os projectos que abdicou.

 

Foi e era a personagem principal e acreditava que foi ela que simplesmente, falhou!

 

Estará cega, não se ouviu a si própria, o chamamento da dor, esqueceu daquelas noites longas de tortura com palavras quando não concordava com a situação do momento com a imposição de conceitos e preconceitos. A tortura dos sentidos com as palavras " senão, então será assim e assim..."

Viver na ilusão de ser correspondida ou de ser amada é viver sem nada porque a sensação é a mesma. Vazio.

 

Quem foi essa pessoa escolhida foi alguém que no momento surgiu para a fazer sair do "casulo" da inocência. Alguém que na sua inocência acreditou nas  palavras " trabalhadas e melodiosas" e considerou como sábias.

Alguém que o colocará num pedestal em primazia ao seu próprio SER.

 

Desrespeitou a si própria por aquele alguém, abdicando da sua profissão seja qual fosse a que queira ter seguido para esse alguém ser um profissional liberal de renome, reconhecido entre os seus pares com estatuto alcançado e ela ficou na sombra de algo que acreditava ser incapaz de encarnar. Era o braço direito, a força e a luz na escuridão desse alguém.

 

Os anos passaram a largos passos até aperceber-se que ficou para trás, a gestão da casa, a educação dos filhos, a imagem da perfeição no papel que a  sociedade idealizou para essa mulher será sempre na sombra de um companheiro.

E depois, o tempo passou, os sonhos ficaram como sempre foram - SONHOS porque não os concretizou sempre com a expressão - " Outro dia, irei ver ou saber como poderei fazer!!", "quando tiver condições, agora não, tenho os filhos pequenos, tenho que o ajudar"..

 

 

E desta forma domesticou o seu pensamento, adiando com o sentido do dever a cumprir e a obrigação de agradar esse alguém. Para quê?

Será que esse alguém que tanto teve em consideração que o colocou no pedestal da sociedade, o mereceu.

Acima de tudo a vida é uma aprendizagem e o SER humano deverá ter a capacidade de analisar cada momento da passagem  e esse momento da verdade chegará, mais dia ou menos dia.

Poderá ser da forma que menos esperamos, abruptamente irrompe na sua vida e de forma surreal. E esse alguém cai no pedestal que lhe foi atribuído sem o merecer. Quem o colocou naquele lugar, foi ela. Foi ela que menosprezou o seu EU e achou que não era capacitada para estar no papel principal da sua própria vida. Não era digna de ser a pessoa principal da sua própria vida, como foi capaz de fazer isso a si própria. Mas fê-lo durante muitos anos, viveu adorar uma personagem que com subtileza a manipulava o seu SER e a abafava com as palavras sem qualquer sentimentos como o apelo constante ao amor.

 

Será que existiu tal amor de tal forma como o retribui-o. Expectativas muito elevadas e desfraldadas mas porque será que a consciência feminina adultera os sentimentos  e com o tempo verificará que sempre haverá uma razão para a qual não queremos ver . Queremos continuar acreditar que é um sonho que os momentos difíceis serão passageiros que as divergências ultrapassadas e a vida continuará. Volta a enganar-se a sua intuição, a desvalorizar as suas capacidades, a menosprezar o seu EU porque foi educada para agradar e não reclamar. No momento que caminha para o fundo do precipício , sozinha em que todos aqueles que a rodeiam desviam o olhar, não há um estender de uma mão de amparo. Só a escuridão à sua volta.

Para erguer-se em princípio entrará na escuridão, na dor, na angústia de momentos difíceis até conseguir ver, novamente, a luz que a ilumina. Poderá demorar muito tempo.

 

A ausência da paz interior, a auto - estima baixa, o deixar de gostar de si própria, os pensamentos negativos destrutivos apoderam-se dela. Não consegue estabelecer os limites para a sua liberdade. Amar alguém  não significa que tenha que anular-se como ser humano e dar o privilégio ao outro. Amar não significa mergulhar na escuridão para a felicidade do outro. Amar é uma partilha  de dar e receber entre dois seres. Numa relação emocional a partilha tem que ser simultânea e repartida para ambos os lados. Não poderá existir um só lado a batalhar unilateralmente para a sobrevivência da relação. Não resultará.

 

Haverá sempre uma altura em que tudo desmoronará e sentirá uma enorme frustração. A frustração apodera de si e seguir vêm a mágoa, a dor, o ódio e não conseguirá perdoar de forma a libertar o seu SER. Mergulha sem conseguir recuar nessa escuridão sem fim e deverá continuar em frente é uma voz interior que sussurra. Mas como o farei?

Sentirá perdida num vazio que se apodera do corpo, da mente, sentirá debilitada física e psicologicamente. Acredita que não voltará a ser a mesma. Sente a desorientação atormentar-la. Não vê a luz ao fundo do túnel nem  uma porta abrir-se para acolhê-la.

Mergulha em cada degrau que a levará ao precipício.

E agora? O que farei?

 

Questões que a mente atormenta e que não dá qualquer resposta. Valeu a pena tanta dedicação para ficar num fargalho. Valeu a pena tanta abdicação para tão pouco ou nenhum reconhecimento ou até agradecimento.

Tal como se afirma " partiu a cara"- A queda é imediata e destrói tudo à sua volta.

A reconstrução do seu SER, a sua reabilitação é demorada, deve-se principalmente, ao crescimento de cada um perante as adversidades e as contrariedades apresentadas. Ser capaz de perante os erros e as falhas cometidas saber tirar o partido e olhar como se nova oportunidade se tratasse para permitir o crescimento e amadurecimento pessoal e espiritual.

É uma passagem que a  cada um será permitido o fortalecimento do SER que somos, a demonstração da tenacidade, a coragem que a persistência na luta ou  permitir a derrota da vida e deixarmos ser vencidos e abolirmos como vítimas perante as circunstâncias da vida. A escolha é nossa. A cada um de nós caberá o livre arbítrio da nossa salvação ou condenação.

Somos aquilo que queremos acreditar em ser. Como se a nossa passagem reflectisse na procura constante da perfeição. É uma verdade, todo o ser humano procura a perfeição, a felicidade, o estatuto privilegiada, algo perfeito, a satisfação plena.  A perfeição adquirida ao longo da vida, aos momentos áureos e às quedas que com sabedoria nos permitirá crescer e amadurecer como seres.

 

 

 

FALA-ME DE AMOR

Acabei por ter
um fraco por ti.
Que foi como veio,
e eu não percebi...

Pergunto como está,
a velha certeza:
-será que tu sabes, o que correu mal?

-É que hoje eu já sabia dizer:
Ama-me
Leva-me,
para lá, do meu horizonte
-Falando de amor...
-Fala-me de amor...

Segue-me, prende-me,
Para lá, do meu horizonte
-Falando de amor...
-Fala-me de amor...

Quero-te dizer,
que ainda estou aqui;
Todo o tempo á espera
de ti.

Quero-te alcançar,
e estou a pedir,
para ser como era,
quando te conheci...

 

letra de SANTOS E PECADORES

 

 

Voz do vento...

publicado por Voz do vento às 21:46 | comentar | ver comentários (3) | favorito
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sinto-me: Mergulhada no passado
música: Fala-me de amor - Santos e Pecadores