MAS P'RA VIDA HÁ SÓ UMA

lá longe, muito longe
onde o tempo não congela
criou em tempos, um monge
a criatura mais bela

sorte a sua o monge audaz
que ao ouvir o seu chorar
sem hesitar foi capaz
de ir a tempo de a salvar

de criança a mulher
do choro ao sorriso doce
comeu o tempo á colher
não perdeu gota que fosse

deslumbrou reis e plebeus
foi-se dando de mansinho
por não acreditar mais em Deus
que nas pedras do caminho

fez de um plano de vingança
um sonho envenenado
afastou-se da esperança
de um futuro desenhado

com a espada da sedução
e o escudo da maldade
afogou a sensação
de viver em liberdade

casou com um rei mentiroso
que reinava em Lisboa
seduziu-a,o ardiloso
n'um tasco da Madragoa

trouxe sonhos e vontade
contou historias de encantar
escondeu-lhe a velha verdade
que não sabia contar

mas a mulher na cegueira
de beleza atrofiante
não viu que a choradeira
era um espinho no instante

deu por si em pensão reles
perdida na barafunda
no guarda-roupa,as peles
e camisas de segunda

deixou-se ir na ilusão
de ser rainha da rua
entregou-se á sensação
que mantinha a alma crua

e assim passou o tempo
mais manso que um cordeiro
injectou-lhe o desalento
p'ra seu fiel companheiro

desce a princesa a calçada
com o fardo dessas mágoas
que a terra não sabe a nada
envolvida em quatro tábuas

e o tal rei..,coitado!
há já muito pereceu
é só um corpo deitado
á procura de um céu

não é bela a sua história
como o rico merecia
mas é real a memória
que traçou a sua via

não fosse o querer desmesurado
com que o coração nos engana
talvez tivesse acordado
no conforto de outra cama

por isso te digo mulher
tu que queres a liberdade
que a crueldade é um escolher
e não a triste verdade

não sejas um muro hirto
que transcende a emancipação
e resolve o conflito
que trazes no coração

e no fim..,quando acordares
verás no meio da bruma
que mulheres há aos milhares
MAS P'RA VIDA HÁ SÓ UMA!

 

Autor: C!RANO (...um cozinheiro de emoções)

 

 

 

 

Voz do vento ...

publicado por Voz do vento às 22:24 | comentar | favorito